Diante do cenário do período pandêmico da Covid 19, a gestão do Centro de Ensino Médio Bom Jesus em Gurupi, no Sul do estado, resolveu investir no cuidado emocional de toda a comunidade escolar e criou o projeto 'Gestão de Emoções'. A ideia deu tão certo que a escola está concorrendo ao programa das escolas associadas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.
A diretora da unidade, Elizabeth Gama, contou como surgiu a ideia de reforçar o apoio à saúde mental dos alunos do ensino médio, grupo que foi muito impactado durante a pandemia da Covid-19.
“Quando tudo já estava caminhando muito bem, principalmente essa pedagogia da presença, esse acolhimento, essa interação, alunos que são protagonistas da sua própria história, veio a pandemia em 2020. De repente a escola fechou as portas e começamos a perceber que nossos alunos estavam assustados, extremamente amedrontados com tudo que vinha acontecendo”, relembrou. Todo esse prejuízo não atingiu só os alunos, mas também pais e professores, destacou a gestora.
Para tentar dar mais atenção às questões emocionais da comunidade escolar como um todo, a equipe do CEM Bom Jesus, que é uma escola de ensino médio em tempo integral, desenvolveu o projeto 'Gestão de Emoções'.
“Criou-se um projeto em que nós faríamos um encontro por semana com os nossos alunos para discutir temas socioemocionais, para conversar com eles para falar o que estavam sentindo em tempos de pandemia, para trocar ideia, para contar o que estavam fazendo em casa, mas sempre com temas que levassem à reflexão. Ao todo foram 13 temas trabalhados”, explicou Elizabeth.
Pais e professores incluídos
A escola promovia palestras de atenção às emoções mesmo antes do período pandêmico, atividade que tinha como público-alvo os alunos. Mas durante o isolamento, além dos estudantes, familiares e professores também sentiram a necessidade de participar e receber o atendimento online ofertado pelos profissionais.
“Os encontros tinham como objetivo ajudar as pessoas nesse momento a gerenciar suas emoções e, principalmente, para que os nossos estudantes não perdessem o foco dos seus projetos de vida, que é o centro do nosso modelo de gestão educacional”, disse a diretora.
Temas propostos por alunos
Nas reuniões, os primeiros temas que serviram de base para as conversas foram propostos pela equipe da escola, composta por Elizabeth, da orientadora educacional do CEM Bom Jesus, Maria Joana Portilho, e a psicóloga Elisandra Santiago. “Para a próxima semana eles já ficavam ansiosos para o tema. E aí o objetivo começou realmente a ser alcançado. O objetivo era não perder o foco, participar das aulas online, participar da entrega dos roteiros, que eles tinham que fazer todas as aulas e devolverem. Com maestria e responsabilidade percebemos que eles começaram a voltar para o foco”.
O mais importante dos objetivos também foi atingido pelos profissionais, que era tirar o receio dos alunos com relação ao período de pandemia. “Percebemos umas falas em que eles estavam menos ansiosos. Além disso, a busca ativa foi intensa, mas nós tivemos evasão zero e além de ficarem mais focados, mais dedicados, conseguimos trabalhar alguns conflitos. Porque eles estando em casa todos os dias, é claro que surgiram conflitos”, comemorou a gestora da escola.
Um dos temas trabalhados durante os encontros virtuais e que chamou a atenção foi focados em namoros. Por conta da pandemia, os jovens enfrentaram dilemas nesse quesito da vida e tiveram orientação emocional para conseguirem lidar com a situação.
“Como todos ficaram distantes, alguns namoros acabaram. E alguns estudantes, que são do ensino médio, estavam sofrendo com isso. Então teve um dia que a gente trabalhou esse tema e percebemos que foi muito bacana. E teve dias que tinham 180 alunos participando na sala”, afirmou.
Um ponto que também chamou a atenção da equipe de Elizabeth foi participação da mãe de um dos alunos, que não perdeu nenhum encontro virtual. Já que a interação dentro da própria casa depois era uma das queixas dos estudantes. Quando se tratou do tema perdão, isso ficou mais forte para o desenvolvimento dessas emoções.
Depois de quase dois anos, os encontros que antes eram online passaram a ser mensais e presenciais, com quatro horas de palestra com vídeos, músicas, slides, sorteios e outras atividades.
Também ocorre um grande encontro semestral. O segundo da turma está marcado para esta terça-feira (29) e quarta-feira (30).
Elizabeth também comemorou que além de ajudar os alunos do Bom Jesus, o projeto está sendo apresentado para alunos de outras escolas de Gurupi.
Programa da Unesco
Com o sucesso do ‘Gestão de Emoções’ no CEM Bom Jesus, a escola foi indicada a concorrer ao programa das escolas associadas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil, uma iniciativa da Unesco. Entre os objetivos do projeto estão a inclusão e integração da comunidade e contribuir para a promoção da expressão local, tudo isso aliado às práticas da educação.
Entre as etapas do programa, até esta quarta-feira (30), a equipe da escola tem que enviar um relatório das atividades realizadas. Conforme a diretora, primeiro o projeto é analisado pela coordenação Regional do PEA Unesco no Tocantins, depois pela coordenação nacional.
A etapa seguinte é a avaliação na França e, se aprovado, a escola receberá o selo da Unesco. O tema em que se encaixa o ‘Gestão de Emoções’ é o Cultura da Paz e Não Violência. O resultado está previsto para sair até fevereiro de 2023.
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