Jalapão após recorde em 2021, tem queda de 13,86% no número de visitantes durante 2022

Mais de 47 mil pessoas visitaram o Parque Estadual do Jalapão durante o ano de 2022, segundo levantamento do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). O número é bastante expressivo, mas representa uma queda em relação ao ano anterior, quando tinham sido mais 55.579 visitantes no principal polo turístico do Tocantins. A queda é de 13,86%.

O número de visitantes vinha em uma crescente desde 2014. A evolução só parou em 2020 por conta da pandemia, mas em 2021 a região registrou o recorde, mesmo com as medidas restritivas impostas na época.

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Segundo os dados do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), em 2022 o pico de visitação na área do Parque Estadual do Jalapão ocorreu entre maio e setembro. Julho foi o mês que mais teve visitantes: 7.733.

O presidente da Associação de Turismo Receptivo do Tocantins (ATTR), Fernando Torres, disse que a queda era esperada pelo setor. Ele entende que a falta de divulgação do destino e a alta das passagens aéreas podem estar relacionadas com essa redução.

Turistas apreciando o pôr do sol no Jalapão — Foto: Naturatins/Divulgação

“Era esperada uma queda de 15 a 20 % tendo vista que a divulgação do destino principalmente no território brasileiro fica a cargo das empresas e de suas ações. O estado contribuiu muito pouco para fomento do destino Tocantins em caráter nacional. Temos um período de chuvas que está se consolidando como baixa estação atrelado aos altos valores das passagens aéreas com destino Tocantins. Essa junção contribuir consideravelmente para esses números”, analisou.

O levantamento do estado leva em conta a visitação nas Dunas, a Serra do Espírito Santo, a Cachoeira da Velha e a Prainha do Rio Novo, que estão na área do parque.

A Secretaria de Cultuta e Turismo (Sectur) foi procurada para comentar os questionamentos do setor e a redução nos números, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Desafios do Jalapão

Turista nod fervedouros do Jalapão — Foto: Gabriel Resende/ Arquivo pessoal

Dunas no meio do cerrado, uma nascente em que você nunca afunda e cachoeiras de águas transparentes fazem do Jalapão o principal atrativo turístico do Tocantins. Quem decide visitar a região precisa de uma boa quantia em dinheiro, além de muita disposição.

Não há aeroportos na região e por isso a primeira parada do turista é a capital Palmas. A maior parte das estradas da região não é pavimentada e para acessar muitos atrativos é preciso estar em carro traçado.

Quem vive do turismo na região cobra mais investimento do governo estadual. "A falta de infraestrutura de acessibilidade aos destinos e a qualificação da mão de obra e um fator que precisa corrigido para assim contribuir e elevar o nível satisfação dos nossos visitantes que chegam ao Tocantins", comentou Fernando Torres, que também é guia e dono de uma agência de turismo.

Enquanto faltam investimentos, sobram polêmicas. Em 2021 um projeto de concessão do parque teve uma aprovação relâmpago. O modelo foi contestado pela falta de transparência e participação popular, sendo revogado após mudança de governo.

No mesmo ano o governo conseguiu uma licença para da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e assinou um contrato para construir um aeródromo em São Felix do Tocantins, mas o projeto nunca saiu do papel.

Nesta semana o governador reeleito Wanderlei Barbosa (Republicanos) disse ter visitado os atrativos da região e constatado uma situação de abandono. Ele disse que pretende abrir uma discussão para a criação de um projeto que vai abranger todo o Jalapão, descartou uma nova tentativa de concessão e disse que quer incentivar a população local a trabalhar com o turismo sustentável.

O gerente das unidades de conservação, Gilberto Oliveira, comenta que o boom de turistas registrados em 2021 estava relacionado à demanda represada por causa da pandemia e a procura por destinos com menos aglomeração.

Segundo ele, a expectativa para 2023 é que o número volte a crescer. "A expectativa é que em 2023 a procura tende a aumentar porque a região ainda é pouco explorada. A gestão tem buscado recursos para pavimentação, que vai melhorar bastante, além de parcerias com instituições como o Sebrae para fomentar e capacitar o turismo local", comentou.

O presidente da ATTR também espera que o número de visitantes volte a subir. "Nossa expectativa e que esses números se mantenham nessa casa dos 50 mil visitantes anuais visto que a secretaria de turismo teve um corte em seus recursos para 2023 e provavelmente não tera uma divulgação do destino Tocantins em rede nacional", comentou Fernando Torres.