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No Vaticano, Papa promove reunião entre marxistas, comunistas e cristãos

De acordo com o Vatican News, a reunião contou com 15 membros, sendo 7 de esquerda e 8 católicos de países europeus ligados à Transversal Dialop.

16/01/2024 13h03
Por: Redação
Papa Francisco se reúne com delegação do DIALOP (Foto: Vatican Media)
Papa Francisco se reúne com delegação do DIALOP (Foto: Vatican Media)

O Papa Francisco se encontrou na quarta-feira (10) com representantes do projeto Transversal Dialop, de viés esquerdista, para falar sobre a condição das pessoas “vulneráveis”, definidas como pobres, desempregadas, sem-abrigo, imigrantes ou exploradas.

Segundo o Vatican News, órgão oficial da Igreja Católica, o encontro reuniu socialistas, marxistas e cristãos, que foram “incentivados a colaborar em prol de uma ética comum e os incentiva a contribuir para a construção de um futuro melhor em nosso mundo polarizado”.

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Em seu site, a Transversal Dialop diz que promove diálogo “entre socialistas/marxistas e cristãos envolvendo intelectuais, acadêmicos, políticos, ativistas e estudantes de vários países europeus.”

“Este é um projeto de diálogo entre socialistas/marxistas, comunistas e cristãos que visa formular uma ética social comum que possa ser proposta como uma nova narrativa para uma Europa em busca da sua identidade, com uma ecologia integral entre a Doutrina Social da Igreja e a crítica social marxista em sua essência”, reafirmou o Vatican News.

De acordo com o Vatican News, a reunião foi na Sala Paulo VI, antes da Audiência Geral, com 15 membros, sendo 7 de esquerda e 8 católicos de diversos países europeus ligados à Transversal Dialop.

Incompatibilidade entre cristianismo e o marxismo

O doutor em Sociologia Thadeu Silva explicou as divergências ideológicas entre o cristianismo e o marxismo, conjunto de concepções elaboradas por Karl Marx. Para ele, os dois não têm qualquer compatibilidade, provando que um cristão não deve se identificar com as pautas de Marx.

“Cristianismo e marxismo são duas coisas opostas entre si, impossíveis de serem conciliadas. As diferenças começam pela criação: a Bíblia mostra que Deus é o Criador do homem, ao passo que, para Marx, foi o homem quem construiu a ideia de Deus”, diz Thadeu.

“Para Deus, o ser humano é a menina dos Seus olhos, a luz do mundo e o sal da terra, reparador de brechas e restaurador de veredas, membro da geração eleita, do sacerdócio real, da nação santa, do povo adquirido, testemunha do Senhor, enquanto, para Marx, o homem é o autor da revolução contra o capitalismo”, ressaltou.

Thadeu ainda explica sobre o mandamento cristão. “De acordo com a Palavra de Deus, os pensamentos geram as ações, o que é o perfeito e oposto ao que Marx diz. O mandamento de Deus é amar os inimigos; o de Marx é destruí-lo”, coloca.

Esquerda radical

De acordo com o veículo católico, a iniciativa de diálogo entre os grupos teve origem em 2014, após um encontro entre o Papa Francisco, Alexis Tsipras, que na época era presidente do partido Syriza, cujo nome é uma abreviação de "Coalizão da Esquerda Radical".

Walter Baier, presidente do Partido da Esquerda Europeia, e Franz Kronreif do Movimento dos Focolares estavam presentes na plateia.

O Syriza foi fundado em 2004 como uma coalizão de várias organizações de esquerda e movimentos sociais, mas em 2013 transformou-se em um partido unificado.

Na época o Papa disse: “Nenhum poder mundial hoje é capaz de resolver os problemas cruciais do mundo sozinho”.

Papa comunista

Em uma entrevista a cinco representantes do grupo America Media, vinculado aos jesuítas nos EUA, o Papa Francisco respondeu sobre diversos temas polêmicos, incluindo sua própria vertente ideológica.

Na conversa, que aconteceu em 22 de novembro de 2022 na Casa Santa Marta, residência oficial do Papa, Francisco foi questionado sobre ser chamado de comunista e até de marxista, devido às críticas que faz ao capitalismo de mercado como o dos Estados Unidos.

Após citar Mateus 25, o chefe da Igreja Católica pergunta: “Jesus é um comunista, então? O problema que está por trás disso, que você justamente tocou, é a redução sociopolítica da mensagem do Evangelho. Se vejo o Evangelho apenas de maneira sociológica, sim, sou comunista, e Jesus também”.

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