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China condena jornalista que deu voz a vítimas de assédio sexual

A jornalista, que está detida há 999 dias, também foi privada dos seus direitos políticos por quatro anos, o que significa que seria libertada da prisão em setembro de 2026.

15/06/2024 10h28
Por: Redação
China condena jornalista que deu voz a vítimas de assédio sexual

A jornalista Huang Xueqin, que deu voz a mulheres vítimas de assédio sexual na China, foi condenada nesta sexta-feira (14) pelo Tribunal Intermediário de Guangzhou a cinco anos de prisão pelo crime de “incitação à subversão do poder estatal”.

Por sua vez, o ativista Wang Jianbing foi condenado a três anos e seis meses pela mesma acusação, geralmente usada contra defensores de direitos humanos da China, segundo afirmaram os seus apoiadores na rede social X.

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No ano passado, várias ONGs denunciaram que ambos tinham sido julgados sem garantias e pediram ao governo chinês que os libertasse imediatamente. A jornalista, que está detida há 999 dias, também foi privada dos seus direitos políticos por quatro anos, o que significa que seria libertada da prisão em setembro de 2026.

Huang, nascida em 1988, foi fundamental no lançamento do #MeToo na China em janeiro de 2018, recolhendo testemunhos de vítimas de agressão sexual. A repórter independente também cobriu questões relacionadas à corrupção e à poluição industrial.

A ONG Defensores Chineses dos Direitos Humanos (CHRD) denunciou no ano passado que o tratamento de Huang e Wang nas mãos da polícia estava “repleto de violações da lei e da justiça processual chinesa”.

– É o governo chinês que deveria ser processado por prender ilegalmente os seus próprios cidadãos simplesmente pelo exercício pacífico dos seus direitos humanos – disse na ocasião a diretora da CHRD, Renee Xia.

Segundo esta entidade, Wang Jianbing, nascido em 1980, foi mantido incomunicável durante os primeiros meses da sua detenção, tendo as autoridades se recusado a revelar qualquer informação sobre seu paradeiro à sua família. Já Huang não foi autorizada a consultar um advogado da sua escolha e foi sujeita a interrogatórios prolongados e repetidos, segundo a mesma fonte.

A ONG afirmou ainda que Huang foi processada pelo seu trabalho como jornalista independente e por descobrir violações dos direitos humanos na China.

Além disso, ressaltou que Wang – ativista reconhecido pelo seu apoio às pessoas com deficiência e aos trabalhadores que desenvolveram doenças devido às más condições de trabalho – participava frequentemente em reuniões informais com amigos, nas quais Huang também esteve presente, mas que estas não tinham estrutura explícita ou intenção política.

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