Impedido pela agenda de governo de comparecer à Marcha para Jesus, realizada nesta quinta-feira (19) em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou uma nota aos anfitriões do evento, apóstolo Estevam Hernandes e bispa Sônia. No texto, afirmou estar representado pelo ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, e saudou o casal como “verdadeiros pastores do seu povo”, sublinhando a relevância do ato para o calendário cristão.
Lula recordou que, em 2009, sancionou a lei que transformou a Marcha em data oficial. Desde então, observou, o encontro “cresceu, tornou-se símbolo de unidade e reafirma valores cristãos como compaixão, misericórdia, respeito às diferenças e amor ao próximo”. Ele comparou a mobilização à iniciativa do rei Davi de reunir Israel em torno da adoração, destacando o papel de fé coletiva que o cortejo ganhou ao longo dos anos.
Para o presidente, a Marcha extrapola qualquer programação de palco: “É uma caminhada de oração e de compromisso com um Brasil mais humano, justo e solidário”. Ele ressaltou a “força e generosidade de um povo que não desiste” e disse que esse espírito inspira o governo a colocar a família no centro das políticas públicas, “cuidando de quem mais precisa”.
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Lula ainda reforçou o compromisso do Palácio do Planalto com a liberdade de culto e a pluralidade de crenças, que classificou como um dos maiores patrimônios da democracia brasileira. Segundo ele, a equipe federal tem promovido o diálogo inter-religioso e reconhece o papel social das igrejas na construção de um país mais inclusivo.
Com informações da Agência Estado
Analistas veem no gesto um esforço estratégico do Planalto para reaproximar-se da base evangélica, considerada crucial em disputas eleitorais recentes; ao prestigiar a Marcha, ainda que à distância, Lula sinaliza que deseja reduzir a resistência desse segmento ao seu governo e abrir espaço para futuras agendas conjuntas em programas sociais e de combate à desigualdade.
A presença de representantes do governo e a mensagem enviada por Lula também foram interpretadas como uma tentativa de equilibrar a imagem do presidente diante de um público majoritariamente conservador, que tem se mostrado crítico à sua gestão. Ao reconhecer a importância da fé cristã e destacar o papel das igrejas na promoção da justiça social, o chefe do Executivo busca construir pontes com lideranças religiosas sem abrir mão de sua narrativa política.