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Justiça manda Universal devolver R$ 50 mil a ex-fiel com transtorno bipolar

A decisão judicial considerou que a mulher, em estado de fragilidade emocional, foi induzida a realizar doações financeiras sob o argumento de que as contribuições seriam “para Deus”.

24/06/2025 16h21
Por: Redação
Edir Macedo (Reprodução)
Edir Macedo (Reprodução)

A Igreja Universal do Reino de Deus foi condenada pela Justiça do Rio de Janeiro a restituir mais de R$ 50 mil a uma ex-fiel diagnosticada com transtorno bipolar. A decisão judicial considerou que a mulher, em estado de fragilidade emocional, foi induzida a realizar doações financeiras sob o argumento de que as contribuições seriam “para Deus”.

De acordo com os autos do processo, a mulher relatou ter sido encorajada a entregar quantias expressivas mesmo enfrentando dificuldades pessoais e psicológicas. A instituição religiosa, por sua vez, alegou que as ofertas eram espontâneas e representavam um ato de fé, não sendo impostas.

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No entanto, o tribunal entendeu que houve exploração da vulnerabilidade da ex-membra e enquadrou o caso como abuso de fé. A sentença destacou que a influência exercida sobre a fiel, naquele contexto, ultrapassou os limites da liberdade religiosa e configurou uma prática abusiva.

A decisão reacende discussões sensíveis sobre a forma como igrejas lidam com arrecadações financeiras, especialmente quando envolvem pessoas em estado de sofrimento psíquico. O episódio também levanta questionamentos sobre a falta de regulamentação e transparência nas finanças de instituições religiosas, que muitas vezes operam à margem de fiscalização estatal.

A mulher que moveu a ação relatou ter sido pressionada a contribuir com a promessa de bênçãos espirituais. Após anos sem retorno e lidando com o agravamento de seu estado emocional, ela buscou a Justiça para reaver os valores doados. A condenação é vista como um possível precedente para que outras vítimas de abusos em contextos religiosos também reivindiquem seus direitos.

A Igreja Universal, frequentemente alvo de críticas por sua abordagem agressiva em campanhas de arrecadação, agora enfrenta mais um revés jurídico que põe em xeque suas práticas internas. A decisão pode servir como alerta a outras lideranças religiosas quanto à responsabilidade ética diante de fiéis em condição de vulnerabilidade.

O caso também evidencia a necessidade de um debate mais amplo sobre os limites entre liberdade religiosa e responsabilidade institucional.

Embora a fé e as ofertas voluntárias sejam pilares em muitas tradições cristãs, especialistas apontam que, sem mecanismos de proteção e acompanhamento, essas práticas podem ser distorcidas e se transformar em instrumentos de manipulação emocional. O episódio reforça a importância de políticas públicas voltadas à saúde mental e à defesa de consumidores vulneráveis dentro de contextos religiosos.

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